Aquele grito insurgente
ganhou mundo, ganhou ar,
se levantou!
E como numa gestação,
Sentiu o tempo e teve certeza: é agora!
Tempo de insurreição!
De segurar de mão em mão,
de não deixar escapar
Aquele desejo de jardim,
que insiste em morar em mim,
mesmo depois de tanto apanhar!
O bruto, a fumaça, a tristeza, o desamor…
Jamais roubarão nossa cor…
Que é minha e de toda a ciranda!
Ciranda tecida de mão em mão,
canto a canto desse chão, Brasil!
Periferia, campo, negro, mulher…
Urbano, homem, menino, gente letrada…
Ateu, analfabeto, que se move em cadeira de rodas,
que quase não sai de casa, atleta ou gente de fé!
Cantor, atriz, agricultora, meretriz…
Feminista, artista, LGBTQIA+,
professora ou estudante!
Descobriram que o tempo é aqui…
E não irão se entregar!
Hétero, solitário, casa cheia
de gente,de meninos para todo lado,
gente que cultiva Bom dia na porta de casa!
Gente que já foi a Paris!
Analfabeto, morador de Ipanema!
Doutor ou poeta!
Vai fazer a ciranda girar
O bruto vai passar!
E toda essa ciranda vai se metamorfosear…
Apenas para fazer emergir
aquele grito insurgente, que no fundo só quer dizer para a gente
Não desista!Insista! Ainda vale a pena acreditar!
Vamos convocar todos os bichos, as plantas, o vento, o infinito,
A canalizar energia nesse grito,
que será, em parte, utopia contra toda distopia que quer por aqui morar!
Não!Aqui não!
A gente quer viver!
A gente quer deixar viver!
A gente quer…
Amor, Calor, alívio para dor!
Tarde e flor! Voltar a sorrir!
O tempo é aqui!
Vamos gritar!