As 16.365 novas tecnologias construídas pela ASA estão beneficiando mais de 80 mil pessoas com água para beber e produzir alimentos.
Símbolo da retomada das políticas sociais de acesso à água no Brasil, o Programa Cisternas alcançou a marca de 16.365 novos reservatórios entregues nos nove estados do Nordeste e em Minas Gerais, só no primeiro semestre deste ano. O número de tecnologias construídas nesse período pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), em parceria com o Governo Federal, é quase o triplo do total registrado em 2022, último ano da gestão Bolsonaro.
O balanço revela que, por trás do número expressivo de reservatórios implementados, estão cerca de 80 mil pessoas sendo beneficiadas com água potável para beber, cozinhar e produzir alimentos. São agricultores e agricultoras familiares, além de pequenos criadores de animais, que juntos podem armazenar 300 milhões de litros de água da chuva, o equivalente a 600 mil caixas d’água residenciais.
Rosimeire Silva, moradora do Assentamento Solidão, em Mossoró (RN), é uma das beneficiárias do Programa Cisternas. Produtora de milho, feijão, sorgo, caju, seriguela e pinha, a agricultora pretende ampliar e diversificar o trabalho na propriedade depois da implantação do reservatório de 52 mil litros, que ela mesmo ajudou a construir após capacitação como cisterneira.
“Agora tenho poucas galinhas, mas se Deus quiser, com essa cisterna vou aumentar a produção e aumentar a minha renda”, garante Rosimeire, que também investe na criação de caprinos e ovinos.
Em números absolutos de cisternas construídas, no primeiro semestre deste ano, a Bahia aparece como o estado com mais implementações (3.911). Em seguida, estão Ceará (3.852), Pernambuco (2.267) e Minas Gerais (1.755). Confira os dados completos nas tabelas a seguir:
P1MC
UF | Municípios | Contratadas | Construídas |
ALAGOAS | 3 | 1.100 | 294 |
BAHIA | 34 | 10.000 | 3.809 |
CEARÁ | 35 | 10.000 | 3.723 |
MARANHÃO | 2 | 1.500 | 186 |
MINAS GERAIS | 18 | 5.500 | 1.652 |
PARAÍBA | 19 | 3.250 | 1.359 |
PERNAMBUCO | 31 | 7.000 | 2.129 |
PIAUÍ | 15 | 6.200 | 1.393 |
RIO GRANDE DO NORTE | 5 | 2.000 | 512 |
SERGIPE | 4 | 1.000 | 429 |
Total | 166 | 47.550 | 15.486 |
P1+2 (MDS)
UF | Municípios | Contratadas | Construídas |
ALAGOAS | 2 | 150 | 26 |
BAHIA | 18 | 709 | 88 |
CEARÁ | 17 | 850 | 129 |
MARANHÃO | 2 | 166 | 2 |
MINAS GERAIS | 9 | 400 | 102 |
PARAÍBA | 4 | 250 | 67 |
PERNAMBUCO | 7 | 641 | 129 |
PIAUÍ | 8 | 444 | 144 |
RIO GRANDE DO NORTE | 3 | 240 | 68 |
SERGIPE | 3 | 223 | 96 |
Total | 73 | 4073 | 851 |
P1+2 (FBB/BNDES)
UF | Municípios | Contratadas | Construídas |
ALAGOAS | 2 | 150 | – |
BAHIA | 1 | 150 | 14 |
CEARÁ | 2 | 150 | – |
MARANHÃO | 1 | 100 | – |
MINAS GERAIS | 2 | 150 | 1 |
PARAÍBA | 1 | 150 | – |
PERNAMBUCO | 2 | 150 | 9 |
PIAUÍ | 2 | 150 | – |
RIO GRANDE DO NORTE | 2 | 150 | – |
SERGIPE | 2 | 100 | 4 |
Total | 17 | 1400 | 28 |
“Mais de 16 mil tecnologias já construídas trazem uma perspectiva maravilhosa para as famílias depois de um período grande de paralisação dos programas. É um momento que, apesar dos desafios, é de alegria por ver de volta todo esse contexto de atuação junto às comunidades, de fazer brilhar nos olhos das famílias a esperança em ter as condições básicas para permanecer no campo e viver com dignidade”, afirma Valmir Soares de Macedo, membro da coordenação executiva da ASA Brasil.
P1MC e P1+2
O Programa Cisternas é uma política pública criada há 20 anos a partir da experiência das organizações sociais da Rede ASA. Essa iniciativa de democratização da água no Semiárido é dividida pelas organizações em duas frentes de atuação: Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Programa Uma Terra Duas Águas (P1+2).
O P1MC garante a implementação de reservatórios com capacidade para 16 mil litros destinados ao consumo humano (primeira água) das famílias e de 52 mil litros para abastecer unidades de ensino por meio do projeto Cisternas nas Escolas. Já o Programa Uma Terra Duas Águas (P1+2) é responsável pela construção de tecnologias de 52 mil litros para irrigação e criação de animais (segunda água).
Valmir destaca que o segredo para o sucesso da estratégia da ASA, que tem o reconhecimento nacional e internacional, está no modelo participativo que envolve os mais diversos atores da sociedade. De acordo com o coordenador, o Programa Cisternas precisa, de fato, ser uma política estruturante de acesso à água potável e de assistência para produção agroecológica, onde todos ganham, sobretudo, os povos do Semiárido.
“É fundamental que o governo brasileiro e os governos dos estados viabilizem a continuidade dessa política de estocagem de água, dando as condições que as famílias precisam para que, a partir daí, possam contribuir com a segurança e soberania alimentar e nutricional do país. O que se espera da sociedade, é que ela apoie a ASA nessa missão tão nobre e que tem muito ainda por fazer”, defende o coordenador.
Investimentos
Até o ano que vem, por meio de contrato assinado com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), serão entregues 47.550 cisternas de primeira água e 4.073 de segunda água. O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal e outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados.
Na parceria da ASA com a Fundação Banco do Brasil (FBB), e apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estão sendo investidos R$ 46,4 milhões na construção de 1.400 reservatórios para a produção de alimentos.