O sol despontava e o gado no curral olhava curioso, anunciando mais um amanhecer na comunidade de Riacho do Bandeira. Mas os dias 29, 30 e 31 de outubro de 2025 foram especiais, e a rotina da comunidade rural de Rio do Antônio (BA) deu lugar a um tempo de aprendizado, troca de saberes e fortalecimento das práticas de convivência que fazem florescer a vida no Semiárido.
Durante três dias, agricultoras e agricultores familiares participaram da Capacitação do Sistema Simplificado de Manejo da Água (SISMA). Um espaço dedicado ao cuidado, à gestão e ao uso consciente da água armazenada em barreiros trincheira e cisternas calçadão; tecnologias sociais que sustentam a produção de alimentos saudáveis.

A atividade foi promovida pelo Projeto Água para Produção de Alimentos e Dessedentação Animal, executado pela Associação Divina Providência (ADPASC), e reuniu famílias acompanhadas pela entidade no município de Rio do Antônio.
Integrando momentos teóricos e práticos, o encontro fomentou diálogos sobre convivência com o Semiárido, análise do solo, manejo da água, controle agroecológico de pragas, compostagem, e o cultivo nos quintais e canteiros produtivos. No campo, cada participante pôde “aprender fazendo”, fortalecendo o conhecimento através da experiência direita.

Segundo Gabriela Meira, engenheira agrônoma e monitora da capacitação, o SISMA reforça a convivência produtiva e equilibrada com o Semiárido. Em entrevista concedida para a comunicadora popular Luciane Martins, Meira relatou que, “durante a formação, foram apresentadas técnicas de manejo sustentável da água, e de produção de insumos orgânicos. Essas práticas contribuem diretamente para o fortalecimento da produção familiar e nutricional das famílias, e para o aproveitamentos de resíduos encontrados nas propriedades.”
O coordenador do Projeto, Oldair Leite, também ressaltou o caráter coletivo da formação. “É um processo de aprendizado mútuo, aonde todos participam, questionam e partilham suas experiências. O SISMA contribui para que cada agricultor e agricultora, compreenda que as tecnologias sociais são bens comunitários que merecem atenção e cuidado.”

A participação feminina foi outro destaque da capacitação. Mulheres que com sua força e dedicação, sustentam famílias e comunidades, promovendo uma agricultura conectada à terra, à fé e à sustentabilidade, pilares de uma produção mais saudável.
Ao término dos três dias, o sentimento foi de gratidão e pertencimento. No SISMA, ninguém fica apenas ouvindo: todos agem, compartilham, aprendem e constroem juntos. Agricultoras e agricultores com “A” maiúsculo, cheios de coragem, leveza e esperança de transformar realidades.
E assim, mesmo diante dos desafios do clima e da longa estiagem, é possível vislumbrar quintais produtivos cheios de cores, sabores e flores, frutos de um trabalho coletivo que faz brotar vida onde há cuidado e fé.

Foto: Comunicação Divina Providência

















